A chegada do climatério e da menopausa é uma fase de muitas transformações na vida da mulher, e a sexualidade é, sem dúvida, um dos temas mais cercados por mitos e preconceitos. Frequentemente, ouço no consultório a preocupação de que "o sexo acabou" ou que "não será mais o mesmo". Mas a verdade é que a sexualidade, assim como a vida, se transforma e pode continuar sendo plena e prazerosa, talvez de maneiras diferentes, mas não menos gratificantes.
Um dos maiores equívocos é associar a sexualidade feminina apenas à juventude, à função reprodutora ou exclusivamente aos hormônios ovarianos. É importante lembrar que nossa sexualidade é muito mais complexa! Ela envolve emoções, experiências de vida, a qualidade dos nossos relacionamentos e até mesmo o nosso bem-estar geral.
Com o aumento da expectativa de vida, passamos muitos anos no climatério. Isso significa que há um longo e valioso período para desfrutar de uma sexualidade que pode ser mais livre, justamente pela ausência da preocupação com uma gravidez indesejada. Além disso, a maturidade traz um autoconhecimento do corpo e dos desejos que pode abrir portas para novas formas de prazer.
É natural que, com as alterações hormonais do climatério, algumas mudanças físicas aconteçam e possam influenciar a resposta sexual. Algumas mulheres podem notar uma lubrificação vaginal menos intensa ou mais demorada, e o tecido vaginal pode ficar mais sensível, o que, às vezes, causa desconforto ou dor durante a penetração.
Entretanto, é fundamental saber que essas não são regras para todas e que existem maneiras de lidar com elas:
Lubrificação: Um estímulo sexual mais prolongado e o uso de lubrificantes à base de água podem fazer toda a diferença.
Delicadeza: Carícias mais delicadas podem ser mais prazerosas, pois a sensibilidade da mucosa pode estar aumentada.
Exercícios: A prática regular de exercícios de Kegel pode ajudar a fortalecer a musculatura pélvica e melhorar a saúde vaginal.
Terapia Hormonal: Em alguns casos, a terapia hormonal (TH), local ou sistêmica, pode ser uma opção eficaz para aliviar sintomas como o ressecamento e a atrofia vaginal, sempre com acompanhamento médico.
A sexualidade é um reflexo da nossa vida como um todo. Fatores como a qualidade do relacionamento com o parceiro(a), a comunicação, o afeto e a cumplicidade são tão, ou até mais, importantes do que as questões biológicas.
Problemas de saúde como diabetes, doenças da tireoide, depressão, ou até mesmo o uso de certos medicamentos, também podem influenciar o desejo sexual. Além disso, a sobrecarga do dia a dia, o estresse e a dupla jornada de trabalho podem gerar cansaço e, consequentemente, afetar a libido. É crucial olhar para todos esses aspectos ao pensarmos na nossa saúde sexual.
A sexualidade no climatério não tem uma receita única. Cada mulher vivencia essa fase de forma particular. O importante é entender que as mudanças são parte de um processo natural de vida e que a sexualidade pode, sim, continuar sendo uma fonte de alegria e conexão.
Buscar informação e acolhimento são os primeiros passos para vivenciar o climatério com mais tranquilidade e exercer sua sexualidade de forma plena, sem culpa e sem preconceitos. Se você tem dúvidas, desconforto ou simplesmente quer explorar novas formas de viver sua sexualidade nesta fase da vida, saiba que estou aqui para te ajudar.
Seja para entender melhor as transformações do seu corpo, encontrar soluções para possíveis desconfortos ou simplesmente conversar sobre sua sexualidade com mais liberdade, o diálogo é sempre o melhor caminho.
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Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Atenção à Mulher no Climatério / Menopausa.
MASTERS, W. H.; JOHNSON, V. E. A Conduta Sexual Humana. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.